A Fuvest 2026, vestibular da Universidade de São Paulo (USP), traz uma mudança significativa em sua lista de leituras obrigatórias: pela primeira vez na história, todas as obras exigidas são de autoras mulheres. Essa decisão visa valorizar o papel feminino na literatura, destacando escritoras que, por diversas razões, foram historicamente marginalizadas. A lista abrange obras de autoras brasileiras e estrangeiras, como Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Djaimilia Pereira de Almeida, Julia Lopes de Almeida, Lygia Fagundes Telles, Narcisa Amália, Nísia Floresta, Paulina Chiziane, Rachel de Queiroz e Sophia de Mello Breyner Andresen.
A escolha por obras exclusivamente femininas reflete um movimento de reconhecimento e valorização da produção literária feminina. Segundo Maria Arminda do Nascimento Arruda, presidente do Conselho Curador da Fuvest e vice-reitora da USP, muitas dessas escritoras foram alvo de décadas de invisibilidade devido ao seu gênero. A inclusão de suas obras no vestibular busca corrigir essa lacuna e promover uma literatura mais representativa e plural.
A lista de leituras obrigatórias para a Fuvest 2026 inclui títulos como “Opúsculo Humanitário” de Nísia Floresta, “Nebulosas” de Narcisa Amália, “Memórias de Martha” de Julia Lopes de Almeida, “Caminho de Pedras” de Rachel de Queiroz, “O Cristo Cigano” de Sophia de Mello Breyner Andresen, “As Meninas” de Lygia Fagundes Telles, “Balada de Amor ao Vento” de Paulina Chiziane, “Canção para Ninar Menino Grande” de Conceição Evaristo e “A Visão das Plantas” de Djaimilia Pereira de Almeida.
Essa renovação na seleção das obras também se justifica pela necessidade de refletir sobre a história da literatura brasileira e portuguesa, que frequentemente negligenciou a contribuição feminina. Ao incluir essas autoras, a Fuvest não apenas amplia o repertório literário dos candidatos, mas também promove uma reflexão crítica sobre as estruturas de poder e representação na literatura.
A partir de 2029, a Fuvest retomará a inclusão de obras de autores homens em sua lista de leituras obrigatórias. No entanto, a mudança para uma lista predominantemente feminina representa um marco importante na história do vestibular, sinalizando um compromisso com a equidade de gênero e a diversidade literária.
Além da renovação nas leituras, a Fuvest 2026 também apresenta mudanças no cronograma e nas regras de inscrição. A primeira fase do vestibular será realizada no dia 23 de novembro, e os candidatos poderão solicitar isenção ou redução da taxa de inscrição a partir do dia 12 de maio. A taxa integral é de R$ 211,00, mas há possibilidade de redução dependendo da renda e da escolaridade do candidato.
Com essas mudanças, a Fuvest 2026 se posiciona como um exemplo de inovação e compromisso com a representatividade na educação. Ao priorizar a literatura feminina, o vestibular da USP não apenas atualiza seu conteúdo, mas também contribui para uma sociedade mais justa e igualitária, onde as vozes das mulheres são ouvidas e valorizadas.
Essa iniciativa da Fuvest também serve como inspiração para outras instituições de ensino superior, mostrando que é possível promover mudanças significativas e necessárias na educação. Ao adotar uma abordagem mais inclusiva e representativa, a Fuvest 2026 demonstra que a literatura tem o poder de transformar realidades e abrir caminhos para um futuro mais equitativo.
Em resumo, a Fuvest 2026 não é apenas um vestibular; é um reflexo de uma sociedade que busca reconhecer e valorizar a contribuição das mulheres na literatura. Com uma lista de leituras obrigatórias composta exclusivamente por autoras, a Fuvest dá um passo importante na direção de uma educação mais inclusiva e representativa, reafirmando seu papel como porta de entrada para a Universidade de São Paulo e para um futuro mais igualitário.
Autor: Andrei Sokolov